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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Educação especial



Cibele Gandolpho

Mais do que realização profissional, muitos professores do ensino convencional estão partindo para outra área, a do ensino especial, que atende alunos com deficiência mental, superdotados, surdos, cegos ou com algum tipo de problema físico. O mercado está em ascensão. Hoje, existem cerca de 37 mil escolas que atendem a estudantes com necessidades educacionais especiais, sendo que 32,9 mil são públicas.

Segundo o mais recente Censo Escolar, realizado em 2006 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), 266.464 estudantes portadores de necessidades educacionais especiais se matricularam em escolas, sendo 164.690 em instituições municipais, 92.305 em estaduais, 9.336 em privadas e outros 133 em federais.(ler mais)


A elevada taxa de inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais em classes comuns e a redução no ritmo de crescimento das matrículas em escolas exclusivamente especializadas, consolida a tendência dos últimos anos de integrar os alunos.

Formação

Para trabalhar em uma escola especial, o educador precisa ter um curso de especialização e não somente a formação em Pedagogia ou Letras. "Esses professores têm experiência por reunir condições apropriadas ao atendimento desse aluno, como conhecimentos de deficiências e síndromes, formas de lidar com cegos, surdos e deficientes mentais, habilidades com trabalhos manuais, entre outras funções", explica Yara Sayão, psicóloga do Serviço de Psicologia Escolar da Universidade de São Paulo.

Segundo ela, é fundamental que o professor tenha a especialização. Só ele vai saber lidar com as limitações de cada aluno, identificar se o estudante precisa de atendimento médico, no caso de convulsões, e o que cada um necessita, entre outros pontos. Nas aulas, os professores têm noções até de fisioterapia, fonoaudiologia e religião. "Há muito tempo discute-se a inclusão de alunos especiais em instituições convencionais. O problema é que essas crianças precisam de um atendimento extra. Em uma classe grande, isso somente é possível com duas professoras, uma com especialização e outra sem. Mas os Estados não têm condições de bancar dois educadores por sala. É por isso que a inclusão ainda está parada. Eu acho que deveria haver a inclusão porque, depois de adulto, o aluno vai precisar conviver com pessoas normais. Não há motivos para isolá-los na infância e na adolescência apenas", diz Yara.

Na educação especial, os métodos de ensino, o processo de aprendizagem e os objetivos são diferentes. De acordo com a psicóloga, o aluno com necessidade especial está sempre adquirindo conhecimento, mesmo que não seja o formal. "É uma área que, ao mesmo tempo em que é desgastante, é muito gratificante", acredita a professora Regina Júlia Pereira dos Santos, de 43 anos, que trabalha como professora auxiliar na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

Depois de fazer um curso especializado de 180 horas durante três meses em 2004, na própria Apae, ela começou a trabalhar como voluntária na associação. Prestou vestibular e hoje está no último ano de Pedagogia e pretende continuar na Apae como funcionária.

Durante 20 anos, Regina foi bancária e sempre sonhou em trabalhar com crianças excepcionais. "Quando fui demitida, vi que era hora de ir atrás do meu sonho, fazendo o curso e me prontificando a trabalhar sem ganhar nada no início. Só depois de um ano é que fui fazer faculdade de Pedagogia e passei a receber como professora na Apae", diz. Hoje, quase três anos depois, a docente atua em uma sala de aula com outra educadora atendendo a alunos de 13 a 24 anos. "Cada aluno é muito diferente do outro. Há aqueles que precisam aprender a ler, outros que têm deficiências mentais e não conseguem se mexer. Nestes casos, aprendemos no curso a fazer atividades que os estimulem, como pegar objetos. Aos menos debilitados, posso aplicar atividades artísticas, como colagens, recortes, ensino de algum prato culinário, entre outras coisas."

A educadora diz que, quando o professor facilita o bem-estar do deficiente, ele o ajuda em sua recuperação de um modo geral e na sua inclusão social. A socialização que ele aprende na escola lhe traz algo essencial, que é a autonomia. Se o professor percebe que o seu verdadeiro papel é o de despertar diversos conhecimentos, a ansiedade do aluno especial diminui em muitos casos. Quando se formar, Regina pretende continuar ensinando alunos excepcionais em um período do dia e dar aulas regulares em outro período em alguma escola convencional.

Especificidades

Os professores que estão em busca de trabalho na área especial precisam estar cientes de que existem escolas específicas para cada problema. "Uma criança cega precisa do braile para aprender a ler e existem cursos para os professores, assim como para surdos, deficientes mentais, etc.", diz Regina.

Uma pesquisa da Secretaria de Educação Especial (Seesp), do MEC, mostra que em 2005 o maior número de alunos matriculados na educação especial sofria de deficiência mental (43,4%), representando um total de 278.167 pessoas. Estudantes com deficiências múltiplas representavam 10,5% das matrículas, 8,5% tinham baixa visão, 1,3% eram cegos, 7,2% eram surdos, 5,4% tinham Síndrome de Down e apenas 0,3% eram superdotados.

Na opinião da professora Márcia Rodrigues, que atua com crianças com Síndrome de Down em uma escola particular convencional de São Paulo, a figura do professor de recurso é muito importante. Ele chega com o conhecimento sobre a deficiência e orienta o professor regular. "Ambos podem criar práticas pedagógicas baseadas no potencial do aluno que visam desafios e avanços no conhecimento e na autonomia. Ele é o facilitador da inclusão, ajuda o aluno a interagir com o meio, com o professor regular e vice-versa", explica. Márcia é professora há 10 anos e, há dois, resolveu se especializar e atuar na área de ensino a crianças especiais.

Em relação a salários, a média recebida pelos educadores é semelhante ao ensino convencional, cerca de R$ 600 no setor público e R$ 1.000 nas escolas privadas. Apesar de ainda não receber como professora formada em Pedagogia, Regina tem um salário mínimo como auxiliar por causa de sua especialização em ensino excepcional e afirma que na escola onde trabalha as professoras recebem cerca de R$ 600 por mês. "Até que não é ruim por ser uma instituição que depende de doações, como é a Apae."

Já a professora Márcia tem um salário mensal de R$ 620 por seis horas de trabalho. Ainda pela pesquisa da Seesp, entre 2004 e 2005 houve um crescimento de 9,6% de professores com curso específico. De 2002 a 2005, o índice é de 23,5%. Em contrapartida, caiu o número de professores sem especialização trabalhando em ensino especial, com queda de 20% entre 2004 e 2005.

(Fonte: Revista Profissão Mestre).

2 comentários:

Delamare MC Filho disse...

E agora com a Inclusão, acredito que muitos professores irão se interessar mais nestas especializações para atender aos alunos mais vulneráveis à exclusão. Linda postagem e parabéns para quem teve esta bela ideia.

Delamare MC Filho disse...

Muitas coisas já aprendi simplesmente lendo este blog educacional. Parabéns pela ousadia em criar um blog tão especial e atraente cujas reportagens só vem aumentando nossos saberes!

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